A depressão não causa assassinato em massa. Algo mais estava em jogo na mente do copiloto da Germanwings, Andreas Lubitz. Enquanto o mundo luta com a notícia horrível sobre a queda do vôo da Germanwings de Barcelona a Düsseldorf, e com a mudança de “tragédia inexplicável” para “crime terrível”, o foco tem sido na condição de Andreas Lubitz, copiloto e agressor. Há um detalhe da história da Lubitz que já recebeu muita atenção como uma possível explicação: seu histórico de depressão. Andreas teve um episódio depressivo grave há seis anos. Ele se afastou de seu treinamento de piloto por um ano e meio para realizar tratamento psiquiátrico.
De todos os detalhes perturbadores que estão sendo trazidos à luz, uma em particular me fez pensar: foi amplamente divulgado que Lubitz tinha sido declarado incapaz de voar naquele dia, e escondeu o fato de seus empregadores. Uma nota deixando clara sua falta de aptidão foi encontrada rasgada em seu apartamento. Mas a depressão não faz alguém matar 149 pessoas….
Seja qual for a parte da psique de Lubitz que teve essa capacidade monstruosa ou a maldade pura e simples nessa escala, não pode exatamente ser caracterizada como depressão. As estimativas a partir de 2012 da porcentagem de americanos que sofrem de um episódio depressivo são de 6,9 por cento, o que equivale a cerca de 16 milhões de pessoas. Deve-se dizer que a esmagadora maioria dessas pessoas está horrorizada com a decisão do Lubitz de matar todos a bordo de seu avião junto com ele, assim como as pessoas que não têm nenhum diagnóstico de doença mental.
Andreas Lubitz planejava um “evento inesquecível” que lhe permitiria “entrar para a história”, segundo sua ex-noiva declarou ao «The Times». O jornal não escreve exatamente que Andreas Lubitz planejou este acidente, apenas revela essa declaração da ex-noiva. Identificada como Maria W., de 26 anos, a comissária de bordo chegou a trabalhar com o copiloto por cinco meses no ano passado e disse que rompeu o relacionamento por causa dos problemas pessoais e comportamento errático de Lubitz. Ele também passava por tratamento para problemas de visão que impediriam o prosseguimento de sua carreira, afirmou o “New York Times”.
O ministro do Interior da Alemanha afastou qualquer possibilidade de que o copiloto tenha ligações com o terrorismo. Em nenhum lugar da lista mais recente de critérios para um episódio depressivo há qualquer menção a um aumento da capacidade de prejudicar os outros ou o desrespeito pelo sofrimento de outras pessoas. Enquanto fatos ainda estão emergindo sobre um segundo diagnóstico para o qual ele estava recebendo tratamento, possivelmente também de natureza psiquiátrica, no final pode ser que a linguagem da medicina não consiga uma resposta satisfatória para o que Lubitz fez.
Eu não acredito que um diagnóstico de depressão por si só deveria ser uma razão suficiente para manter um piloto afastado de voar, assim como não acredito ser correto dizer que as ações de Lubitz possam ser adequadamente explicadas pela depressão.
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